quarta-feira, 6 de março de 2019

O LIVRO DOS MÉDIUNS - O MARAVILHOSO E O SOBRENATURAL




13. Assim, o Espiritismo não aceita todos os fatos considerados maravilhosos, ou sobrenaturais. Longe disso, demonstra a impossibilidade de grande número deles e o ridículo de certas crenças, que constituem a superstição propriamente dita. É exato que, no que ele admite, há coisasque, para os incrédulos, são puramente do domínio do maravilhoso, ou por outra, da superstição. Seja. Mas, ao menos, discuti apenas esses pontos, porquanto, com relação aos demais, nada há que dizer e pregais em vão. Atendo-vos ao que ele próprio refuta, provais ignorar o assunto e os vossos argumentos erram o alvo.

Porém, até onde vai a crença do Espiritismo? perguntarão. Lede, observai e sabê-lo-eis. Só com o tempo e o estudo se adquire o conhecimento de qualquer ciência. Ora, o Espiritismo, que entende com as mais graves questões de filosofia, com todos os ramos da ordem social, que abrange tanto o homem físico quanto o homem moral, é, em si mesmo, uma ciência, uma filosofia, que já não podem ser aprendidas em algumas horas, como nenhuma outra ciência.

Tanta puerilidade haveria em se querer ver todo o Espiritismo numa mesa girante, como toda a física nalguns brinquedos de criança. A quem não se limite a ficar na superfície, são necessários, não algumas horas somente, mas meses e anos, para lhe sondar todos os arcanos. Por aí se pode apreciar o grau de saber e o valor da opinião dos que se atribuem o direito de julgar, porque viram uma ou duas
experiências, as mais das vezes por distração ou divertimento.

Dirão eles com certeza que não lhes sobram lazeres
para consagrarem a tais estudos todo o tempo que reclamam. Está bem; nada a isso os constrange. Mas, quem não tem tempo de aprender uma coisa não se mete a discorrer sobre ela e, ainda menos, a julgá-la, se não quiser que o acoimem de leviano. Ora, quanto mais elevada seja a posição que ocupemos na ciência, tanto menos escusável é que
digamos, levianamente, de um assunto que desconhecemos.


Fonte: O Livro dos Médiuns
Capítulo: 2
Allan Kardec

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