terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Ramatís - "O Amor do Cristo nos constrange"




Pergunta - Gostaríamos de obter esclarecimentos sobre os fatores que podem conduzir-nos a concluir que o Evangelho de Jesus representa uma iniciação para o espírito humano.

Ramatis – "O amor do Cristo nos constrange", dizia Paulo numa de suas epístolas. E testemunhou sua radical modificação após o encontro com o Mestre, em circunstâncias nas quais não se poderia reconhecer nenhuma preparação iniciática tradicional.

Os doze homens perplexos que se reuniam no Cenáculo para orar e fugir da perseguição do farisaísmo e de lá saíram transformados pelas "línguas de fogo" que os visitaram, certamente não eram os mesmos que lá haviam se refugiado como ovelhas acuadas. As multidões que caminharam em transe sublimado de Amor para os circos romanos e mesmo os que se deixaram consumir nas masmorras da Inquisição por fidelidade aos ensinamentos
esotéricos mais puros, todos eles retemperaram-se ao calor das dolorosas provações, não para
defenderem os "tesouros que a traça não corrói". E, embora não fossem capazes de expressar um
único conceito iniciático tradicional, passaram pelo processo de transmutação espiritual profunda que lhes proporcionaram os "olhos de ver e ouvidos de ouvir" a que o Rabi da Galiléia se referia, como instrumento e condição indispensável para reconhecer o Caminho.

Fossem provenientes do ensino espiritual das castas sacerdotais conhecedoras dos "mistérios" iniciáticos, como Paulo e José de Arimatéia, fossem ignorantes pescadores como Pedro ou ainda nobres romanos cuja alma se habituara aos augúrios das pitonisas e às oferendas para propiciar os deuses, ou ainda o cidadão das metrópoles petrificadas do mundo
atual, o fator capaz de definir a condição de iniciado esteve sempre exclusivamente representado pela tão falada "transmutação" do espírito que, no simbolismo hermético da alquimia, se define como a obtenção do "metal nobre", o ouro simbólico da Luz solar,
representação material da irradiação do Cristo Planetário e das "chispas" dessa luz incandescente ao serem acordadas no mais profundo recesso da alma humana.

Desde então o "ser" prevalece sobre o "existir", o "filho" encontrou o "Pai", a personalidade "sentiu" a individualidade imortal e seu destino "apreendido" no diálogo sem palavras do ser consigo mesmo. Que circunstâncias rodearam esse fato? Não importa. O
objetivo foi alcançado, pois um rumo novo se delineia no processo vivencial e a alma humana assim tocada jamais poderá ser a mesma, inconsciente de sua destinação divina.
No passado, os cuidados com os quais os Grandes Iniciados procuraram cercar as iniciações visavam preservar o aprendiz contra sua própria cegueira, para que os bens da Vida Superior não fossem transformados em instrumentos de destruição e descrédito.
Porém, mesmo assim, o conhecimento sagrado foi utilizado por espíritos endurecidos, espalhando sobre a Terra a morte e a destruição em nome das Forças da Vida. Hoje a magia, que deveria ser meio de elevação dos seres humanos, degrada-os à condição de feras que se entredevoram.
Nesse panorama de trevas, destaca-se a Grande Luz que se derramou sobre toda a carne,
conclamando ao Amor. Foi Aquele que se imolou por Amor e retirou dos centros iniciáticos o privilégio sacerdotal, pois a classe que deveria disseminar a Luz mostrara-se tributária da treva, a ponto de imolar o Cordeiro.
Lançado o grande desafio, isso só foi possível tendo em vista que Ele, o Cordeiro do sacrifício, possuía em Si os requisitos que, não só Lhe permitiam oferecer todos os graus da iniciação, como trazia acesa a chama capaz de transfundir todos os "vis metais" do ódio e da corrupção em Amor, o ouro puro da paz espiritual, desde que o aprendiz se dispusesse a
seguir a estrada sacrificial que reduz e transmuta os resíduos da humana condição através da poderosa imantação do Mestre incomparável.

Desde então os cuidados necessários à verdadeira iniciação se reduzem a fórmula: "Amai-vos como Eu vos amei". E o Amor, como bússola sagrada, corrigirá a rota de todo aquele que se determinar segui-Lo sem hesitações, pagando os altíssimos tributos de renovação íntima que tais procedimentos fraternos exigem dos espíritos nos níveis menores da evolução.
Transportando das mãos sacerdotais para o coração de cada ser humano a possibilidade de ungir o espírito, habilitando-o à auto-renovação como transmutação sagrada, o Mestre deu à toda a Humanidade livre acesso à Luz que já estava "sob o alqueire", com risco de desaparecer da face da Terra.
Desse modo, desde então, a palavra do Senhor é AMOR. Com ela abrem-se as portas ao livre acesso de todo ser que, corajosamente, aceita o desafio milenar do "Conhece-te a ti mesmo", na fórmula renovadora do Rabi da Galiléia.


Fonte: "Viagem em torno do Eu"
Autor: Ramatís
Médium: América Paoliello Marques
Editora: Holus

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